terça-feira, 21 de agosto de 2012

Quais metas eu consegui alcançar?

Durante minha gestação eu tracei planos, planejei metas, criei listas e hoje, após quase sete meses do nascimento do Felipe eu parei para pensar um pouco sobre o que foi projetado na minha cabeça e o que foi realizado.
Vamos lá!
Amamentação exclusiva durante seis meses: Eu desejei que fosse assim desde o início e aos trancos e barrancos, conselhos e opiniões contrárias, acessos de raiva e muitas crises de impaciência, eu consegui. E eu falo isso com o maior orgulho porque sei que essa atitude que eu tomei faz e continuará fazendo um imenso bem na vida dele. Mas não posso dizer que não fraquejei em nenhum momento, mas posso dizer que consegui resistir a todas as minhas outras vontades por causa da AE, sem falar que o esforço não foi só meu, já que o Marcius ficou sempre me apoiando e me dando forças para continuar. Agora que o Felipe tá comendo, ainda mama mais do que come, e meu desejo é de amamentar enquanto eu puder e ele quiser!

NO mamadeira, NO chupeta: os primeiros seis meses foi leite direto da fonte sempre, com exceção de duas vezes que tive que sair e deixá-lo com minha mãe. Ordenhei meu leite e ele tomou no copo, o que é muito mais trabalhoso porque ele derrama mais da metade do leite, mas eu não quis correr o risco de dar mamadeira e ele não querer mais mamar no peito; agora que ele toma suco e água, também é no copo e hoje tivemos mais um conquista: tomou suco sugando pelo canudo (fiquei toda boba, muito feliz!)... E com a senhora chupeta, resistimos bravamente, foram seis de muito choro noite&dia sem parar, "chupetando" no meu peito por horas a fio e quase me enlouquecendo. E é nesse ponto que jamais posso dizer que consegui sozinha e que foi fácil. Sem o Marcius do meu lado, o Felipe já estaria na chupeta a séculos, porque tem horas que me bate um desespero louco por causa do choro incessante dele, ainda mais à noite quando quer dormir mamando continuamente durante toda a noite, tanto que já cheguei a falar pro Marcius que "para ele era fácil não querer dar chupeta, já que era eu quem sofria noite e dia", e olha que a necessidade de dar chupeta para ele não é desde quando ele nasceu, é de um à dois meses para cá. O que fortalece a resistência é pensar que se eu já agüentei seis meses, dar chupeta agora é burrice. Ah, sem falar que a gente não comprou nenhuma para não cair em tentação e isso foi muito importante para o sucesso da missão NO CHUPETA. rs

Dormir sozinho no berço: E é aqui que acaba o sucesso absoluto da minhas pretensões. O Felipe dormiu sozinha desde a primeira noite até o quarto mês, e teria continuado assim se eu tivesse me mantido firme nos meus propósitos, mas o cansaço que eu sentia quando ele acordava à noite para mamar e eu tinha que me levantar, ir até o quarto dele e ficar sentadinha lá amamentando, me fez começar a trazê-lo para minha cama quando ele acordava, até que um belo dia ele não aceitou mais dormir no berço e agora estamos aqui, nós três, compartilhando a cama. Mas planos para mudar isso já estão sendo traçados, torçam por mim :D

Deixar a casa impecavelmente limpa enquanto cuido dele: hahahaha nem nos meus melhores dias consigo fazer o que pensei em fazer. Nunca pensei que fosse tão difícil fazer as tarefas domésticas, cuidar de um bebê e fazer comida (para mim e para ele)! Gente, socorro! Desde quando o Felipe começou a comer, eu não sei mais o que é almoçar na hora e até mesmo almoçar, tem dias que quando anoitece eu me lembro que não comi praticamente nada. Mas isso também é bem culpa minha que tenho muita dificuldade com rotinas e acordar cedo. Eu simplesmente desacostumei a acordar antes das dez da manhã. Eu sei bem que isso é vergonhoso, mas só eu sei o quanto luto para entrar numa rotina que comece às oito manhã. E tudo isso atrapalha o Felipe que fica com os horários todos trocados por causa da mãe de merda que ele tem. E por essas e outras já pensei em mil possibilidades para melhorar as coisas aqui em casa, inclusive em colocá-lo em um berçário por saber que lá tem pessoas muito mais preparadas para cuidar de crianças do que eu, porque sinceramente, tem dias que me acho a maior incompetente do mundo por não conseguir fazer tudo, ainda mais quando lembro que tem mães solteiras por aí cuidando de três crianças enquanto eu mal dou conta de mim... Mas esse senrtimento logo depois passa e o que eu não quero de forma alguma é ficar longe dele. Eu tô tentando melhorar e espero que eu consiga ir evoluindo com o tempo, a prática e a experiência.

Se eu lembrar de mais algumas coisas que me propus fazer, acrescentarei aqui, até como uma forma de ver a minha evolução quando o tema é maternidade.
Daqui em diante, metas e projetos surgirão na vida como nuca e na maioria da vezes, serão desafiadores. Espero sempre poder realizá-los e ajustá-los conforme a vida vai pedindo. Não me acho a melhor, nem a pior mãe do mundo - exceto nesses momentos loucos já descritos aí - e tento melhorar a cada dia, por mim, pelo Felipe e pelo bem da minha família. Assim a gente vai seguindo: vivendo e aprendendo.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Não basta querer

Acho que a maioria das primeiras vezes não são lá a melhor coisa do mundo, talvez justamente por ser a primeira vez, onde se sofre adaptações para viver situações e emoções nunca vividas antes. E mesmo quando tento me preparar para o que virá a acontecer, não dá, porque eu não sei o que esperar de algo que nunca vivi.
Durante toda a gestação eu não me dei ao trabalho de pesquisar sobre partos, normal ou cesária, porque para mim não havia alternativas já que eu havia decidido que eu teria um parto normal e que para isso só precisava esperar os nove meses e tudo aconteceria naturalmente. E eu acho que realmente deveria ser assim, se é da natureza da mulher parir, porque tanta expectativa, tanto preparo com exercícios, cursos e pessoas te ajudando para dar apoio emocional na hora 'P'? Se é natural deveria ser como qualquer outra coisa que a gente faz sem precisar de preparos especiais para isso. Mas, depois da minha cesária eu descobri que não é assim, e que se eu tivesse me preparado para o meu parto, provavelmente eu o teria tido.
Não tenho arrependimento ou remorso sobre o que eu vivi, a cesária que eu fiz não me trouxe nada de negativo, aliás, trouxe o que eu tenho de melhor: o meu filho saudável que está aqui do meu lado sorrindo e brincando. Mas da próxima vez não quero uma cirurgia se eu puder ter um parto! Mas quero diferente de tudo da primeira vez começando pela gestação. Quero menos opiniões, quero menos conselhos, quero menos histórias de vida , de parto, de tragédia, menos "pressão" sobre a minha decisão e o porque dela. Quero entender e estudar mais sobre aquilo que eu acho que não precisaria ser estudado se nós não vivêssemos numa sociedade onde o parto é visto como uma mercadoria que por não ser 'lucrativa' para os médicos e planos de saúde, abre espaço para a cesária eletiva .
Eu não sou contra a cesária e sou contra inclusive a quem fica aterrorizando as mulheres grávidas e condenando as mães que escolheram ou tiveram que fazê-la, e digo mais, o pior de ter feito a cesária foi ter que ouvir os comentários que eu ouvi antes e depois da cirurgia, não dá para aguentar!
A experiência que eu adquiri depois de inúmeras primeiras vezes em diferentes coisas da vida me deixa a vontade para saber o que eu quero, como eu quero e se eu quero vivê-la novamente. E a melhor bagagem que a gente ganha é a informação adquirida e eu espero que as mulheres que passam pela experiência de ser mãe saibam desde o começo que para fazer acontecer tem que saber, não basta somente querer.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Manifesto pela Amamentação








Manifesto pelo direito das mães de não serem separadas de seus filhos logo após o seu nascimento e de permanecerem com eles o tempo todo pelo menos durante a primeira hora após o parto. Um recém-nascido não deve ser afastado de sua mãe, a não ser em períodos muito breves, em caso de extrema necessidade, e não deve ser deixado em berçários.

Manifesto pelo repúdio à alimentação artificial em maternidades, sem indicação clínica, quando a criança está apta a mamar e a mãe, disponível para amamentar. Água glicosada ou qualquer outro recurso que prejudique o reflexo de sucção do bebê são inaceitáveis.

Manifesto pelo direito das mães com dificuldades para amamentar de receberem apoio e orientação adequados por parte dos profissionais de saúde e da família. Mães com dificuldades de amamentação precisam de encorajamento e solidariedade.

Manifesto pelo direito das mães de amamentarem em livre demanda, sem serem desencorajadas por profissionais de saúde ou parentes sob o argumento de que os bebês têm de ter hora para mamar. Os bebês têm direito ao seio sempre que necessitarem, de dia ou de noite.

Manifesto pelo direito das lactantes de não serem pressionadas por parentes, profissionais de saúde, amigos ou conhecidos a oferecerem mamadeiras e chupetas. As mães são as principais responsáveis pelos cuidados com os seus filhos e devem ter o direito de alimentá-los de forma natural e instintiva.

Manifesto pela urgência de os pediatras serem profissionais e éticos ao interpretarem as curvas de crescimento, sem indicar alimentação complementar precoce a um bebê saudável simplesmente porque ele não se encaixa no padrão médio. Cabe aos médicos avaliarem se alterações nos padrões de engorda ou de crescimento são patológicos ou fisiológicos.

Manifesto pelo direito de uma mãe de manter o aleitamento exclusivo durante os seis primeiros meses de vida de seu bebê, sem ser assediada por parentes, profissionais de saúde, amigos ou conhecidos para que ofereça outros alimentos sem necessidade.

Manifesto pelo direito das mães que trabalham fora de casa de terem em seu ambiente de trabalho um local adequado, com higiene e condições de armazenamento do leite, para fazer a ordenha, seja para alívio das mamas, para a estocagem de leite a ser oferecido a seu filho na sua ausência ou para doação aos bancos de leite. As empresas devem oferecer condições para que suas funcionárias mantenham o aleitamento após seu retorno ao trabalho, seja flexibilizando seus horários, mantendo creches em seus recintos, instalando salas de ordenha ou permitindo que a criança seja trazida à mãe para receber o seio.

Manifesto pelo direito de toda mulher que trabalha fora de casa a gozar de uma licença maternidade de seis meses. Seu retorno ao trabalho também deveria ser facilitado, com possibilidade de redução de jornada com o recebimento proporcional do pagamento ou flexibilização de horários.

Manifesto pelo direito dos bebês de serem amamentados enquanto necessitarem, mesmo que esse tempo supere o período considerado aceitável pela nossa sociedade.

Manifesto pelo direito de as mães amamentarem seus filhos em público, quando necessário, sem serem condenadas por pudores hipócritas.

Manifesto pelo direito de as mães amamentarem durante a gestação, ou amamentarem mais de uma criança simultaneamente, sem serem ameaçadas com dados inverídicos acerca de efeitos nocivos para a criança que mama ou para o feto.

Manifesto pelo direito de as mães amamentarem livremente, e de os bebês mamarem livremente, sem serem alvo de preconceito ou ignorância.



Lia Miranda.

http://sacodefarinha.blogspot.com.br